A Síndrome de Pilatos
O ME e a Câmara Municipal de Sintra não se entendem quanto a esta escola, à semelhança de muitas outras a nível nacional (entre as quais se encontra a escola em que leciono). Edifícios originalmente horríveis degradam-se a pontos terceiro-mundistas, apesar das inúmeras diligências junto da tutela, de pais, direções, partidos políticos, para que as obras necessárias se realizem.
Esta é uma das faces do descalabro da política de Sócrates via Parque Escolar, com milhões a serem gastos em poucas escolas, enquanto outras ficavam à míngua do mais básico, a que se seguiram os anos da Troika e do Passos Coelho/Portas, mais apostados na poda financeira e privatizações do que na consolidação do serviço público de educação assente numa rede de escolas do Estado.
Nesse descalabro inclui-se o processo de transferência de competências para as autarquias no domínio de obras de manutenção, na forma de contratos de execução, na condição do ME fazer primeiro certas obras que nunca chegaria a realizar, propiciando o pingue-pongue de responsabilidades entre administração central e local, tão conveniente à contenção do défice das contas públicas mas tambem ao descrédito dos cidadãos perante o Estado enquanto prestador de serviços essenciais.
Seria bom que a geringonça, pelo menos, acabasse de vez com estes mecanismos legais kafkianos, que tanto tempo roubam aos cidadãos que lutam pelos direitos básicos dos seus educandos de forma infrutífera.
Somos um Estado, e ao Governo e autarquias não se lhes pode dar o poder de brincarem com a vida das pessoas e o futuro do país.
João Correia