Artigo:A Rentrée

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A Rentrée

O dia de hoje é o que marca a reabertura do ano lectivo, o regresso às aulas, um novo começo para muitos jovens e crianças e para muitos docentes, com um misto de sentimentos, expectativas e ilusões, temperados com um passivo de desilusões de anos de promessas não cumpridas e de muros de insensibilidade negocial. Mas como nem tudo está mal e convém valorizar os pequenos ganhos, não posso deixar de referir o editorial de ontem do jornal Público da autoria de Andreia Sanches,  com o título “O grande desafio deste ano lectivo”, o qual se foca na notícia de que o Ministério da Educação está a permitir a constituição de turmas mais pequenas do que o que está previsto na lei.

Para além da importância desta medida do ponto de vista da saúde pública, é notória a sua importância do ponto de vista das aprendizagens e do combate às desigualdades que a pandemia reforçou. Num inquérito promovido pelo Conselho Nacional de Educação, a reivindicação de turmas reduzidas estava de forma significativa nas respostas dos professores (89%) e dos directores de agrupamentos (73%). Cito o relatório da CNE de Junho: “Sem um esforço deliberado de discriminação positiva das escolas de meios mais desfavorecidos, elas continuarão também a ser as mais desfavorecidas, não só não compensando, mas podendo mesmo agravar situações de desigualdade entre alunos.”

Hoje também é o arranque da campanha autárquica que terminará no próximo dia 26 quando os eleitores /as forem às urnas fazer as suas escolhas para os órgãos de poder local. Vale a pena ler o editorial de Manuel Carvalho também no Público, com a epígrafe “A grande festa da democracia”. Por muita desconfiança da população nos governantes que lhes estão mais próximos – autarcas de freguesia e municipais – e que se revela na elevadíssima abstenção que tem vindo a subir desde que o Poder Local foi instituído com o 25 de Abril, a verdade é que este é o momento para se fazerem as escolhas que ditarão como serão as políticas locais para os próximos quatro anos. A abstenção, a indiferença, o descrer não são atitudes de uma sociedade que se quer democrática, participativa e informada.

Que o grande desafio deste ano lectivo tenha resultados palpáveis quando chegarmos a Junho de 2022.

Que a grande festa da democracia signifique um maior envolvimento de todos/as nesta construção de um país mais atento às realidades locais e ao progresso de todas as comunidades na sua diversidade.

Almerinda Bento