Artigo:A propósito do mau jornalismo da Revista Sábado

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A propósito do mau jornalismo da Revista Sábado

“Desautorizados, velhos, mal pagos e até ignorantes (basta ler o que escrevem em páginas na Internet). É este o retrato de muitos professores portugueses.” António José Vilela, Sábado, Pag.37

Ficamos a saber este fim de semana que o diretor-adjunto da Sábado terá informação privilegiada sobre a cultura geral dos docentes portugueses, que não divulga no "artigo de opinião" em causa, pois só assim se compreende que profira a afirmação em epígrafe.

Como classificar a frivolidade, a ausência de quaisquer princípios éticos relacionados com o respeito pelo outro, do mais básico cuidado deontológico no exercício de uma profissão, a de jornalista, que se funda na busca pela verdade?

Por que será que ignorou todo e qualquer uso racional da palavra "ignorância" como medida de desconhecimento de algo, para utilizá-la como insulto aos professores, que a “cultura geral” é um parâmetro de complexa aferição, que os dados empíricos de que dispõe não são suficientes para emitir um juízo minimamente válido?

Independentemente das motivações psicológicas subjacentes do autor, com certeza profundas, uma das razões porque o faz radica no espírito deste tempo em que vivemos, em que uma frase como a acima citada será lida e validada em modo rápido por uns quantos milhares de leitores apressados, generosa e instantaneamente amplificada pelas redes sociais, produzindo muitos likes e comentários concordantes, numa amálgama crescente de ressabiamento, ressentimento, ódio, mas também de manipulação daquelas forças que almejam a destruição da Escola Pública. 

Ou seja, será bem-sucedida enquanto objeto animado de força própria, publicitando de forma eficaz o nome do autor e da revista, colhendo inúmeros fãs entre aqueles que tanto apreciam este género de “verdades” ocultadas pelo “sistema”.

Seja o que for, não é jornalismo, nem é decente.

João Correia