Artigo:A nova disciplina de História, Culturas e Democracia (HCD) e o exercício da Democracia

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A nova disciplina de História, Culturas e Democracia (HCD) e o exercício da Democracia

Esta segunda-feira, o jornal Público anunciou a criação de uma nova disciplina, de caráter opcional para os alunos do 12º cuja disciplina de História não faz parte do currículo. Batizada com o nome de História, Culturas e Democracia (HCD), funcionará como uma oferta de escola e destinar-se-á aos alunos de Ciências e Tecnologias, Ciências Socioeconómicas e Artes Visuais, ficando apenas de fora os alunos de Línguas Humanidades que continuarão a ter a disciplina de História A, como obrigatória ao longo do Ensino Secundário.

A notícia foi bem recebida pelo presidente da Associação de Professores de História (APH), Miguel Barros, e pelos docentes da disciplina que há muito reclamam, e com toda a legitimidade, a introdução da disciplina de História, com caráter obrigatório para todos os alunos do Secundário.

No documento emitido pelo Ministério da Educação (ME), podemos ler que a HCD foi pensada “em articulação com princípios, visão e valores identificados no Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória e que a está organizada em torno de quatro temas: “A HISTÓRIA FAZ-SE COM CRITÉRIO; LOCAL e GLOBAL (“GLOCAL”) E CONSCIÊNCIA PATRIMONIAL; PASSADOS DOLOROSOS NA HISTÓRIA; HISTÓRIA E TEMPO PRESENTE”.

Que contributos poderá esta nova disciplina trazer aos nossos jovens?

De acordo com as palavras do Secretário de Estado da Educação, João Costa, esta oferta visa “o desenvolvimento de espírito crítico e capacidade de interpretação da realidade sustentado em conhecimento” e “é uma resposta à necessidade de valorização do conhecimento histórico e do património enquanto alicerces da identidade e da democracia”.

E é precisamente através do desenvolvimento do espírito crítico, da capacidade de interpretar a realidade sustentada no conhecimento (e não em fake-news e redes sociais) do passado histórico da humanidade, ou seja das consequências decorrentes das escolhas/erros dos nossos antepassados, que podemos compreender e combater fenómenos como a abstenção eleitoral (45,5%, ou seja 4,2 milhões dos 9,3 milhões de eleitores), a escalada de movimentos e partidos populistas e de extrema-direita ao poder, ou seja defender a Democracia.

Esta medida, que se afigura como muito positiva, pelo que atrás ficou exposto, vem, de alguma forma, minimizar os ataques a que a disciplina de História tem vindo a ser alvo nos últimos anos por parte do ME, nomeadamente através da redução do número de horas semanais, o que só pode ser interpretado como um desinvestimento e desvalorização da disciplina. Resta-nos esperar que o bom senso prevaleça e que a mesma seja lecionada exclusivamente por quem de direito, os docentes de História.

“Pensar o passado para compreender o presente e idealizar o futuro” – Heródoto

Sílvia Timóteo