A hostilidade aos professores

No sábado (18 de maio), José Pacheco Pereira publicou no jornal Público (pag.8) um texto que merece a maior atenção. Na sua essência, é uma lúcida defesa da profissão docente e dos professores. Mas é também a análise do contexto ideológico, social e político em que vai alastrando a hostilidade aos professores (e, de um modo geral, aos sindicatos).

Fazendo jus à sua capacidade crítica também diz “que os professores têm muitas culpas, deveriam aceitar uma mais rigorosa avaliação profissional…”. “Dou de barato” que os professores tenham muitas culpas (resta saber quais); mas devo sublinhar que todas as tentativas de criar modelos de avaliação profissional aparentemente mais rigorosos fracassaram. Não só porque os professores se lhes opuseram mas sobretudo porque se mostraram ineficazes e iníquos, desvalorizando o essencial da profissão docente (o trabalho com os alunos) e privilegiando fatores “laterais” (a realização de teses, a pertença a órgãos de gestão, etc). Quem não se lembra da famosa “prova de candidatura” (que avaliava trabalhos entregues que pouco ou nada refletiam a prática docente)? Quem pode esquecer a divisão entre professores e professores titulares? Quem pode ignorar que a obtenção de muito bom ou excelente está condicionada a quotas por escola, o que faz que um professor tenha bom porque está na escola x mas teria muito bom ou excelente se estivesse na escola y?

Mas o texto de JPP merece mesmo ser lido e …refletido.

António Avelãs