Artigo:A Grande Trapalhada

Pastas / Informação / Todas as Notícias

A Grande Trapalhada

Parece um filme, de série B certo, com maus actores claro, péssimo argumento, mas infelizmente não é.

É Portugal no seu pior.

Depois de muita contradição inicial, compreensível face ao inusitado da situação, alguns dos principais responsáveis de diferentes sectores da nossa sociedade começam a mostrar ao que vêm e o que os move.

Com o cancelamento das reuniões quinzenais no INFARMED percebemos todos que as decisões a tomar perante a pandemia passariam a ser de natureza estritamente politica, e económica claro está, e não científica. Foi um sinal claro.

Nos apinhados transportes públicos da Grande Lisboa não se propaga o corona-vírus!

Alerta, alerta, na quinta os porquinhos estão a por-se de pé.

Afinal, nas escolas públicas, o distanciamento social recomendado para a generalidade dos casos em que há concentração de pessoas, pode ser de apenas um metro, "sempre que possível", como esclareceu a Directora Geral de Saúde.

Que a OMS anda um pouco atrás do conhecimento científico de ponta em relação à Covid-19, já todos tínhamos percebido, mas que os nossos responsáveis/governantes tomem posições ao arrepio do que é consensualmente aceite e recomendado pelo conhecimento mais recente relativamente às formas de transmissão da doença, é inadmissível.

Todos os professores querem regressar às escolas em Setembro.

Todos os alunos e EE querem o regresso à escola.

Todos nós sabemos que o ensino presencial é insubstituível.

Pelo menos para nós, professores, isto é muito claro. Não pode ser é de qualquer maneira, a valer tudo e um par de botas.

Sabe-se agora que em ambientes fechados, com grande ajuntamento de pessoas, pouco arejamento e renovação do ar, as microgoticulas produzidas e expelidas pela respiração e pela conversação, se mantêm no ar e se dispersam por vários, muitos, metros em redor.

Na preparação das condições de funcionamento do próximo ano lectivo isto, entre outras coisas, algumas já mencionadas em documento da FENPROF entregue à tutela, tem que ser tido em conta.

Que fique pois muito claro, nós professores queremos e consideramos que há condições de regressar às escolas de forma relativamente segura e não abdicaremos de assim o exigir.

Ricardo Furtado