A fome, as escolas, os computadores
A fome ganha destaque na edição do Público de hoje, 15 de fevereiro. Além de chamada à capa do jornal, o tema estende-se por mais 4 páginas. “Por dever de ofício” destaco a parte que refere a intervenção das escolas: “Em Camarate, escola dá almoço aos alunos e cabazes aos pais”. Noticia a ação desenvolvida no agrupamento D. Nuno Álvares Pereira, no qual “cerca de 40% dos 1700 alunos beneficiam de apoios sociais”. A Escola não devia servir para isto; mas ao fazê-lo, face à pobreza que afeta a região, este agrupamento – e muitos outros por esse país fora – sublinha a sua importância na vida da comunidade e reforça o seu contributo para a solidariedade social. Uma prática real de cidadania que sublinha a urgência (na pandemia e depois dela) de políticas económicas e sociais capazes de ir construindo uma maior justiça social.
A pobreza e as desigualdades são também tratadas, no mesmo texto de Joana Gorjão Henriques, referindo a iniciativa de uma associação do bairro do Rego, em Lisboa, a “Passa Sabi”, onde além de uma mercearia social, foi possível arranjar 18 tablets para alunos sem computador para seguir o ensino à distância e montado um sistema de “explicações” dadas por voluntários.
Entretanto, no jornal de domingo, 14 de fevereiro, noticiava-se que havia escolas a não entregarem computadores aos estudantes filhos de emigrantes que não apresentassem o que a burocracia exige para o efeito. As escolas responsabilizam o Ministério da Educação pela situação, este diz que essa recusa não pode manter-se. Percebo que se exijam aos pais destas crianças e jovens as provas da sua legalização no país, porque é uma medida que os defende; mas tal não pode, nunca, reverter-se em prejuízo destes alunos, evidentemente situados entre os mais necessitados de todos os apoios.
Precisamos mesmo de uma sociedade mais solidária e mais igual.
António Avelãs