“A Escola de Dança aos pedaços espalhada pela cidade”
(Público, 25/01/2021, pgs 26 e 27)
Como certamente a maioria de nós esteve pela noite de ontem a seguir as eleições presidenciais e a acompanhar todos os comentários e interpretações dos resultados a cargo de reputados especialistas, embora seja esse o tema dominante na imprensa desta manhã, decidi não o escolher para esta “notícia do dia”. Chamou-me a atenção a reportagem de Cristiana Moreira e Daniel Rocha sobre a peregrinação a que estão sujeitos os alunos da Escola Artística de Dança do Conservatório Nacional (EADCN), em consequência das obras de recuperação do Convento dos Caetanos (paradas por desavenças entre a Parque Escolar e o empreiteiro) e da pandemia em curso. O texto reconhece o esforço da direção da escola, da Parque Escolar e da Câmara de Lisboa para encontrar um espaço alternativo que não obrigue os alunos a ter aulas (de dança, mas também da formação geral em 4 edifícios diferentes (e nem sempre contíguos). Mas para a especificidade desta formação não serve um espaço qualquer e não parece fácil encontrar alternativas adequadas
Fui professor de filosofia na EADCN durante muitos anos. Pude perceber o amor com que estes e estas jovens se entregam a uma arte muitíssimo exigente. Não restam dúvidas quanto à excelente qualidade profissional dos bailarinos nela formados. É, pois, urgente encontrar soluções para que essa excelência de formação se mantenha. E não posso deixar de me preocupar com o desabafo de uma aluna com que termina esta reportagem: “Estamos a trabalhar, mas sabemos que não temos futuro no nosso país. (…) Não há grandes oportunidades”
António Avelãs