A arte de tresler
1. Pronunciando-se sobre eventual acordo parlamentar envolvendo PSD, CDS-PP, Bloco de Esquerda, PCP e PEV para se contabilizar todo o tempo de serviço antes congelado aos professores, o primeiro-ministro declara que “esse entendimento não é sério”.
O que não é sério é o governo não aceitar o que a maioria dos deputados na Assembleia da República aprovou no Orçamento de Estado para 2018 ou venha a aprovar para 2019. O que não é sério é o governo tresler ou fazer de conta que nâo sabe ler.
2. O que se passou ontem no porto de Setúbal foi uma vergonha que não pensei ser possível ocorrer em democracia.
Pode o governo, ou quem o apoia, invocar as tecnicidades que queira, que não houve violação da lei da greve porque aqueles trabalhadores, tecnicamente, não estão em greve, bla, bla, bla… são trabalhadores eventuais que se recusam a trabalhar, pois nem sequer greve podem fazer.
Deem as cambalhotas que quiserem, façam o pino treslendo a lei as vezes que quiserem mas não conseguem esconder o óbvio: isto é um violento ataque aos direitos dos trabalhadores, é mesmo um feroz ataque aos trabalhadores mais desprotegidos, com a cumplicidade ativa do governo deste país.
Se estes trabalhadores fazem falta têm de ter vínculos efetivos, com estabilidade e com os direitos inerentes.
M. Micaelo