Artigo:“750 euros em 2023? Demasiado pouco, e tarde”

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“750 euros em 2023? Demasiado pouco, e tarde”

Este é o título da crónica de Rui Tavares, na contracapa do Público de hoje, 28 de outubro.

O tema dos salários esteve muito presente na campanha eleitoral e sobre ele parecia haver um certo consenso: os salários em Portugal são baixos e uma economia assente em baixos salários é uma economia fraca. A procura da competitividade à custa dos baixos salários é uma estratégia sem sucesso no médio prazo. Era, pois, de admitir que houvesse um aumento significativo no salário mínimo, quer no setor público que no setor privado, e que essa medida “empurrasse” todos os salários de modo a aproximar os salários de Portugal da média dos salários na União Europeia. Ao mesmo tempo, dizia-se “à boca cheia” na campanha que era necessário aliviar a carga fiscal sobre a classe média. A que se acrescentava a necessidade de repensar os salários dos especialistas na função pública.

O texto de Rui Tavares sustenta que o preconizado aumento do salário mínimo para 750 euros em 2023 não corresponde às expetativas criadas nem às necessidades do desenvolvimento económico. Aliás, Rui Tavares considera que “no fundo, o salário mínimo português nunca aumentou verdadeiramente em termos reais. Contando com a inflação, o salário mínimo português hoje vale sensivelmente o mesmo do que os quatro mil escudos em que foi fixado um mês depois da revolução do 25 de Abril de 1974”.

O texto de Rui Tavares desenvolve a comparação com o salário mínimo espanhol, sublinhando que este último "deu um pulo de 22% para os 1050 euros (em 12 meses, para se poder comparar mais facilmente com outros países europeus)”. Sublinhando que “no atual contexto, um aumento de 22% do salário mínimo espanhol não desacelerou o ritmo de descida do desemprego no país vizinho”.

As reações da CGTP, do PCP e do BE ao anunciado por A. Costa não foram negativas. Consideraram que era um bom ponto de partida. Resta saber se o ponto de chegada não será o ponto de partida. Se tal acontecer, a razão parece estar do lado de Rui Tavares.

António Avelãs