Artigo:60% dos pedidos de ajuda são para rendas de casa

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60% dos pedidos de ajuda são para rendas de casa

Ontem deparei-me com este título na primeira página do Diário de Notícias e não resisti. Senti que aquilo tinha tudo a ver com tantos dos nossos alunos e alunas que estão em casa ainda confinados, a ter aulas ou a perder-se nas aulas a distância, com falhas na internet, em casas com pais e mães aflitos porque não sabem como pagar as contas da luz, da água, da internet, a renda, a comida para o prato…

São três páginas em que Rita Valadas, directora da Cáritas Portuguesa responde às perguntas do jornalista. Fala dos que acorrem à Cáritas a pedir auxílio, dos que já vinham antes da pandemia, dos que vieram logo a seguir à pandemia e que foram aumentando em número e aflige-se por aqueles que se escondem porque têm vergonha de se expor. É clara quando tem noção das muitas pessoas sem solução à vista e das situações que vão irromper quando acabarem os lay off e quando as moratórias chegarem ao fim. Fala em resiliência, tem capacidade de optimismo, mesmo numa situação dramática que antevê. Faz um roteiro do percurso da Cáritas quando as suas rotinas de serviço social foram abalroadas pela pandemia: máscaras e luvas que eram precisas e que não havia no mercado, cabazes com alimentos que deram lugar a vouchers para que as pessoas pudessem decidir de acordo com as suas necessidades, pedidos de ajuda para pagar a electricidade, a luz, a internet, a água, a renda. 60% dos pedidos de quem chega à Cáritas são para pagar a renda. A situação é mesmo dramática e as políticas governamentais não mais podem deixar de responder a este direito básico fundamental que é o direito à habitação.

Quero terminar com uma ideia que percorre a entrevista. Rita Valadas responde frequentemente às perguntas do jornalista com “Não sabemos…” Esta humildade cada vez menos comum quando se trata de pessoas com responsabilidades é de louvar e está em contraciclo com os tudólogos com que nos deparamos desde que há pandemia.

Almerinda Bento