Artigo:115 anos da Escola Secundária Camões | “Uma escola onde se vão espertar engenhos curiosos”

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115 anos da Escola Secundária Camões

“Uma escola onde se vão espertar engenhos curiosos

Sofia Vilarigues | Jornalista

Presente, passado e futuro estiveram presentes na celebração dos 115 anos da Escola Secundária Camões. Na voz do seu diretor, João Jaime Pires, que recebeu uma grande ovação em pé, do antigo aluno Júlio Isidro e da jovem ex-presidente da associação de estudantes, Frederica. Falou também Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa.

“Cada pessoa é um mundo”

“Diariamente circulam neste espaço 2000 pessoas de mais de 100 nacionalidades diferentes, em três novas portas abertas a espaços desportivos e culturais, dos quais toda a comunidade poderá continuar a usufruir. É, assim, um espaço em que se vive a diversidade, a inclusão, o espírito de que cada pessoa é um mundo, onde se entra e sai livre como o pensamento, uma escola onde se vão espertar engenhos curiosos”, afirmou João Jaime Pires.

Fazendo um breve historial da requalificação da escola, que contribuiu também para valorizar as suas ideias pedagógicas, e que “chegou a ter início previsto para agosto de 2011, mas foi suspensa”, lembrou que “enquanto esperavam por uma intervenção que ninguém sabia quando (e se) iria avançar, professores, pais e alunos, atuais e antigos, recusaram baixar os braços”. Em “2015 a esperança renovou-se e o contrato da empreitada de reabilitação foi assinado com a empresa Ferrovial, em abril de 2019, iniciando a obra em setembro do mesmo ano, uma obra que, com a assinatura de Falcão de Campos, pretendia dignificar o espaço existente”. A obra foi concluída em agosto de 2024.

Recordou que Fernanda Fragateiro foi chamada a “resolver” a “monocromia e dar cor à obra”. A intervenção “em todas as salas de aula fez-se através da pintura de um plano de cor ao qual se associa a pintura de uma frase. Cada frase começa com uma data que situa um acontecimento que se descreve e que pode suscitar uma interrogação, uma inquietação, uma curiosidade e levar à descoberta de uma multiplicidade de conteúdos. Estão neste espaço marcados momentos de transformações sociais, guerras, a luta pela liberdade, a igualdade de género, a luta pela educação, pela saúde, pelo clima … marcas do tempo e do uso, visíveis ou invisíveis, que contam a história da vida dos lugares”.

Numa palavra sobre o papel dos professores, afirmou que “se a escola pública é um dos pilares da sociedade, então é obrigação do Estado, das Instituições, das empresas valorizar os profissionais da educação, dignificando e valorizando a carreira de professor”.  “Camões. O poeta. Ele dá o nome a esta escola. Tentamos, em cada dia, não desvirtuar o espírito do mestre!”, concluiu.

“Ser camoniana”

Júlio Isidro fez um “exercício de memória”, recuando 70 anos, à altura em que foi aluno do Camões.

Recordou que “a entrada nas diversas turmas tinha a ver com o título dos pais”, com a sua profissão. Como era “proibido correr” e “o que não era proibido era obrigatório. Era obrigatório andarmos de gravata”. E também” era obrigatório, comprar a farda da Mocidade, todas as quartas e sábados, havia instrução da Mocidade Portuguesa”. Lembrou o “comício de Humberto Delgado, em maio de 1958”, no ginásio do liceu. E como, novidade, “lá por anos 71 e 72, quinhentas raparigas entraram para o Liceu Camões”.

Para concluir, dirigiu-se “especialmente aos alunos, aos mais jovens que estão aqui. Meus amigos, estudem em ótimas condições para isso, divirtam-se, convivam, rapazes e raparigas, mas lutem pelos vossos direitos de cidadania”.

“Hoje sou estudante do ensino superior, mas até o ano passado era aluna do Liceu Camões, estudante da área de Humanidades e membro da Associação de Estudantes”, apresentou-se Frederica.

“Sou, em primeiro lugar, não só jovem estudante universitária, cidadã ativa, mas sou também camoniana”, afirmou. “Ser camoniana é crescer no mundo que nos rodeia, estar preocupado e ativo em relação às questões que nos afetam a todos, enquanto indivíduos, mas sobretudo, enquanto comunidade. Ser camoniano é ser solidário, corajoso, livre, determinado”.

Versão resumida publicada no «Escola/Informação Digital» n.º 44 | novembro/dezembro 2024