Artigo:Só 19% dos filhos de mulheres com a 4.ª classe têm sucesso escolar

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Só 19% dos filhos de mulheres com a 4.ª classe têm sucesso escolar 

"E estes números são preocupantes: entre os estudantes cujas mães têm a quarta classe ou menos, apenas 19% têm percursos escolares de sucesso. Quando as mães têm habilitações ao nível da licenciatura ou bacharelato, a realidade é quase oposta: 71% de sucesso."
 
Significa isto, de um ponto de vista muito básico, que o ambiente contará, e muito, no desenvolvimento dos indivíduos, a par da genética. De que cabe ao Estado fazer (bem) a sua parte, a respeitante às tão propaladas funções sociais.
 
A escola como espaço de estimulação cultural, científica, filosófica, artística, a escola como oportunidade de fruição de linguagens e universos imateriais, especialmente para crianças provenientes de agregados familiares carenciados, continua a ser um dos seus papéis fundamentais, garantindo assim a todos uma democracia efetiva no acesso a bens que deveriam ser considerados tão fundamentais como a liberdade ou a igualdade.
 
Uma escola que estimule a leitura e ceda livros para ler, que proporcione espaços e tempos para o fazer; uma escola que tenha instrumentos musicais e os pedagogos capazes de a todos fazer aprender uma linguagem que, comprovadamente, contribui positivamente para a aprendizagem, melhora o cérebro, produz alegria e, reconheça-se, gera a longo prazo consumidores de cultura; uma escola que prepara para a democracia, para o debate, a luta organizada em torno de ideias e ideiais; uma escola que valoriza o corpo como veículo de expressão artística, na dança, no teatro; uma escola que ensina o valor do ambiente e procura religar as crianças ao meio natural, através do contato direto, do conhecimento e da afetividade.
 
Esta escola não rima com visões fabris, segundo as quais se entra em bruto e se sai burilado, pronto a cumprir um qualquer desígnio alheio.
 
As pobrezas não são destino. E a escola pública, de qualidade, está cá para o demonstrar.
 
João Correia