Artigo:O Público anuncia que os casos sociais nos hospitais custam 68 milhões de euros por ano ao SNS

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O Público anuncia que os casos sociais nos hospitais custam 68 milhões de euros por ano ao SNS

À análise falta a perspetiva dos doentes, das suas famílias e amigos

Público anunciou na sua edição digital, no passado dia 21, que os casos sociais nos hospitais custam 68 milhões de euros por ano ao SNS. Acrescenta, ainda, que, no início do mês, havia 655 camas ocupadas nos hospitais, com pessoas com alta clínica por não terem apoio de retaguarda.

“Quase sete centenas de pessoas estavam no início deste mês internadas em hospitais públicos não por estarem doentes, mas apenas por causas sociais, porque não tinham família para os acolher ou porque aguardavam vaga nos cuidados continuados ou lares de idosos. É o resultado da primeira radiografia ao problema dos internamentos sociais, que foi promovida pela Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) e neste sábado apresentada em Évora. Feitas as contas, concluiu-se que o custo dos internamentos ou casos sociais nos hospitais podem ultrapassar os 68 milhões de euros por ano.”

Este facto deve preocupar-nos, uma vez que atinge uma franja da população que tende a aumentar e que se encontra muito fragilizada, devido não só à doença, mas também à solidão e desamparo. Muitas destas pessoas estarão sós, mas atrevo-me a dizer que a maior parte não está, pelo que o problema afeta também as respetivas famílias, amigos, comunidades, empresas…

Como conciliar o apoio a pessoas dependentes, total ou parcialmente, momentaneamente ou de forma vitalícia, com a vida profissional, se as famílias saem de madrugada de casa e regressam já tarde? Quem tem poder de compra para pagar a uma, duas ou três pessoas para cuidarem de um doente durante toda a semana? Que habitações estão preparadas para receber pessoas com incapacidades físicas? Quantas famílias podem adquirir/alugar camas articuladas, cadeiras de rodas, andarilhos, fraldas e outros objetos que facilitam a locomoção e a vida de todos? Como fazer fisioterapia em casa e com que custos? Como acompanhar uma pessoa dependente ao médico, para fazer exames ou tratamentos, se dificilmente se pode faltar no emprego? Como ajudar uma pessoa dependente e, ao mesmo tempo, trabalhar fora, cuidar de filhos, da família, de todas as tarefas domésticas, de si próprio, de outros projetos de vida?

Os serviços sociais dos hospitais encaminham as pessoas para programas de cuidados continuados, mas o que fazer quando se esperam semanas, meses, sem uma resposta?

E se o cuidador não for o cônjuge ou companheiro/a, nem um descendente ou ascendente imediato? Poderá desempenhar esse papel? O que o protege? Como justifica a não comparência no local de trabalho?

Urge um debate sério sobre estes problemas e medidas reais e suficientes de proteção na doença.

Paula Rodrigues