Artigo:"O MEU LIVRO QUER OUTRO LIVRO" - António Aleixo na sociedade do seu tempo

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António Aleixo na Sociedade do seu Tempo


Em 20 de junho de 2018 decorreu mais uma sessão de “O meu Livro quer outro Livro”, promovida pelo departamento de Professores e Educadores Aposentados “. Foi abordado o tema “António Aleixo na sociedade do seu tempo”, sendo oradora a professora Georgina Palma.
Margarida Lopes apresentou a sessão, cumprimentando os presentes.
Como é habitual cumpriu- se o momento da Troca de livros. Leonoreta Leitão apresentou “Mário Dionísio-Autobiografia” de Mário Dionísio, salientando que nela estão descritos factos muito importantes dos anos 40 e 50, presenciados pelo autor.
Referiu ainda “A Gorda” de Isabela Figueiredo, Prémio Literário de Romance atribuído pela Fenprof em 2017/18, manifestando algum desagrado pelo que considerou ”exibicionismo erótico”.
Inês Veiga apresentou a “A Amiga Ideal” de Helena Ferrante, obra que teve boas referências  de alguns dos presentes.
Conceição Almeida fez referência à obra de Mário de Carvalho “Ronda das Mil Belas em Frol.”
Orlando Rolo referiu que terminou a obra de que é autor, “Bancanal - -o Mundo manhoso da República do Paraíso sobreiral”.
Foi, ainda, mencionada a obra “Nada lhe será perdoado” de Maria Archer, um retrato da sociedade algarvia, fechada e cheia de preconceitos, no tempo de Salazar.
Helena Gonçalves preencheu o Momento sindical salientando a Greve dos professores e o 8º Encontro da Inter-reformados que terá a participação do SPGL.
Georgina Palma iniciou a sua apresentação narrando a biografia de António Aleixo, poeta algarvio que viveu de1899 a 1949.
Referiu a sua pouca instrução e a capacidade de ter fugido às malhas do fascismo. Desde novo com vasta produção de versos foi bem notado no seu tempo. Tendo ficado órfão, cedo teve de acorrer ao sustento dos familiares. Desde corneteiro no serviço militar a tecelão, foi como polícia que se manifestou a sua índole livre e avessa à repressão. Só lá ficou dezoito meses. Foi também pastor por motivo de saúde e finalmente, emigrou para França para poder sustentar a família que, entretanto, constituíra.
Regressado a Portugal, voltou ao tear e à pastorícia e ainda vendeu folhetos com os seus versos em feiras e romarias.
Joaquim Magalhães, um dos membros do Júri dos Jogos Florais de 1937, a que Aleixo concorreu, foi desde então o seu maior divulgador.
Internado no Sanatório dos Covões, em Coimbra, desde 1943 a 1949, é lá que conhece Tossan que o apresenta a figuras importantes da sociedade intelectual de Coimbra, entre os quais Miguel torga. Morreu em 1949.
Georgina Palma, após referir a bibliografia de António Aleixo, estruturou a apresentação da sociedade do tempo em que viveu António Aleixo escolhendo para linhas mestras da sua exposição: os amigos (por ex. Joaquim Magalhães  e Tossan), os locais que frequentou( Café Calcinha), as figuras dessa sociedade (os pipis), os seus pensamentos (sobre o amor, a mulher e a morte), a obra em si mesma e a permanência da obra.
Georgina Palma abordou estes subtemas, ligando-os, com mestria, à produção poética de António Aleixo.
A apresentação de Georgina Palma foi tão precisa, pormenorizada e pertinente que se torna impossível reproduzi-la nesta crónica, mas serviu de forte incentivo para que a autora apresente o seu trabalho noutras iniciativas. Alguns dos presentes leram ainda outras quadras do autor, tendo Orlando Rolo salientado a importância da mensagem da obra de António Aleixo.
No final da apresentação, Georgina Palma foi muito felicitada pela qualidade do seu trabalho e pela grande sensibilidade revelada, considerando os presentes que as atividades deste ano foram fechadas com chave de ouro.
Foram apresentadas algumas sugestões para esta atividade no futuro:
- que os colegas escrevam uma história da sua vida profissional e a apresentem e que seja feita uma compilação dos trabalhos apresentados.
- que cada autor apresente três poemas não identificados, sujeitos a que o seu autor seja adivinhado.  
Foram ainda referidas algumas hipóteses de temas para o próximo ano.
Como alguém disse, as atividades deste ano foram fechadas com chave de ouro. Citamos uma quadra das muitas que sintetizam a profundidade do pensamento de António Aleixo:
Se umas quadras são conselhos
Que vos dou de boa fé
Outras são finos espelhos
Onde o leitor vê quem é .

Nota – esta sessão foi seguida de um jantar convívio com música ao vivo concretizada pelos nossos colegas Rui Curto, também já aposentado, e pelo Eduardo Costa Pereira, ainda no ativo. Contribuíram muito para um final muito alegre em que também todos nós cantámos…