Artigo:Manuel Gusmão, um lutador, um poeta

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Manuel Gusmão, um lutador, um poeta

| Évora , 11/12/1945 - Lisboa, 9/11/ 2023 |


«Agora, vamos entrar. Escrevam aí:
se o trabalho não é cidadania
a cidadania não é inteira.»

Os Dias Levantados (1998)

Rita Magrinho
Sócia n.º 12  

 

Licenciado em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, com tese dedicada à poesia dramática de Fernando Pessoa, Manuel Gusmão fez o doutoramento sobre a poética de Francis Ponge, em 1987, autor que traduziu para português. Professor universitário, ensaísta, poeta, crítico e tradutor, foi autor de ensaios e prefácios de obras de Fernando Pessoa, Carlos de Oliveira, Herberto Helder, Luísa Neto Jorge, Maria Velho da Costa, Gastão Cruz, Sophia de Mello Breyner Andresen, José Saramago, Nuno Bragança, entre outros.

Manuel Gusmão participou empenhadamente na luta contra o regime fascista. Militante do PCP assumiu inúmeras tarefas e responsabilidades, tendo sido membro do Comité Central e dirigente do Sector Intelectual da Organização Regional de Lisboa, deputado na Assembleia Constituinte e na primeira legislatura da Assembleia da República.

Sócio fundador do SPGL integrou a Comissão Instaladora Provisória e a primeira lista à Comissão Directiva Provisória (CDP) sob o lema “Por um sindicato único, Pela unidade de todos os professores”, sufragada em Julho de 1974.

Integrou as redações das revistas “O Tempo e o Modo” e “Letras e Artes”, trabalhou no “Jornal Crítica”, foi coordenador editorial da revista “Vértice”, dirigiu a revista “Caderno Vermelho” e foi fundador das revistas “Ariane” (Revue d’Études Littéraires Françaises) e “Dedalus” da Associação Portuguesa de Literatura Comparada.

Como poeta, lançou, com 45 anos, a sua primeira obra, “Dois Sóis, A Rosa - A Arquitetura do Mundo”. Seguem-se “Mapas, o Assombro a Sombra”, prémio Pen Club para melhor obra de poesia, em 1997 e o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores e o prémio de poesia Luís Miguel Nava relativos a 2001 com “Teatros do Tempo”. Foi autor de o libreto “Os Dias Levantados” para a ópera de António Pinho Vargas nos 25 anos da Revolução de Abril. Em 2011 recebeu o Grande Prémio de Ensaio Eduardo Prado Coelho por “Tatuagem e Palimpsesto” e, em 2014, o prémio de poesia António Gedeão, instituído pela FENPROF, pelo “Pequeno Tratado das Figuras”. Em Fevereiro de 2019 recebeu do Governo português a Medalha de Mérito Cultural em reconhecimento do “inestimável trabalho de uma vida, dedicada à produção literária e à poesia”.

Que outra forma melhor haverá para a nossa homenagem que não seja a leitura de palavras de Manuel Gusmão?

Texto original publicado no Escola/Informação n.º 306 | nov./dez. 2023