Artigo:ESCOLA INFORMAÇÃO Nº 263

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Ainda as Eleições. E também os Exames

1 - Como sempre, os resultados das eleições são passíveis de vários “olhares”, que refletem o posicionamento político e a perspetiva social de quem os olha. Das últimas – as europeias de 25 de maio de 2014 – ressalta um dado inequívoco: dos que votaram (poucos, é certo) menos de 1/3 manifestou apoio à lista apresentada pelo atual governo (mais rigorosamente: pelos partidos que formam o governo). Segundo os dados provisórios, 27,7%. Tudo indica que o governo se manterá em funções, provável e infelizmente até outubro de 2015 (esperemos que então nos livremos deste pesadelo…) Mas, no mínimo, um governo cuja base social de apoio está tão reduzida não deveria tomar medidas que alterassem profundamente e ao sabor do seu posicionamento ideológico ou interesses de grupo rumos que só um governo consolidado e reconhecido  poderá fazer. Um governo que, de acordo com os dados eleitorais, representa 27,7% dos portugueses não pode, por exemplo, avançar com o “cheque ensino”, modo usado para privatizar a escola pública, porque nada garante que essa medida corresponda aos interesses defendidos pela maioria. Não deverá introduzir alterações profundas na Lei de Bases do Sistema Educativo. Como não pode obrigar a alterações radicais na segurança social, como a determinação de um plafonamento. É verdade que não se tratou de eleições legislativas; mas é comumente aceite que as questões nacionais estão também presentes nas votações para as europeias e os cidadãos, que votaram, merecem respeito.

Entre os professores há evidentemente diversas posições ideológicas e partidárias. Mas tenho a certeza de não ferir a sensibilidade de ninguém ao alertar para a necessidade de nas nossas escolas se ir começando a educar para a afirmação de valores como a solidariedade, a tolerância, o respeito para com todos os povos, numa altura em que posições da extrema direita xenófoba, racista e anti-imigrantes vão ganhando força em muitos países e se reforçaram imenso no Parlamento Europeu nestas eleições. Somos educadores, temos responsabilidades acrescidas na construção do futuro coletivo.

2 - Há professores contra e a favor dos exames dos 4º e 6º anos. Mas nenhum aceitará a incompetência, leviandade e falta de respeito para com os professores manifestada pelo MEC na realização destes exames. Diz a legislação que cada professor só deveria corrigir 25 provas, mas receberam – os que não se opuseram – muito mais provas. Só perante forte insistência dos docentes e dos sindicatos da FENPROF se tornou claro que os docentes corretores tinham direito a dois dias de dispensa na componente letiva para esse trabalho. Reuniões convocadas inopinadamente, como se os docentes tivessem de estar 24 horas por dia disponíveis. No meio disto tudo, com os docentes ocupados em vigilâncias e correções, milhares de alunos ficaram sem aulas, sem que as direções das escolas tivessem meios para solucionar a questão… Pessoalmente, acho esta “examinite” uma doença aguda. Examinite vitaminada por incompetência e abuso de poder é uma das vertentes do desconsolo pedagógico e técnico deste MEC…


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