Artigo:ESCOLA INFORMAÇÃO Nº 256

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26 de JANEIRO:

TODOS NA RUA!


1. É verdade que os professores não têm estado parados perante a enorme crise em que o país foi colocado. Eles têm sido presença bem visível nas ações de contestação ao rumo que insanamente o governo tem vindo a traçar: lá estivemos nas manifestações promovidas pela CGTP-IN, no 15 de setembro, na greve de 14 de novembro. Chegou agora a altura de enquanto classe profissional dizermos “da nossa justiça”, centrando a nossa atenção na denúncia do ataque que vem sendo feito aos nossos vencimentos e subsídios, da deterioração das condições de trabalho, da progressiva degradação que, apesar do nosso profissionalismo, se tem vindo a instalar na escola pública. Até porque se anunciam já novas medidas que virão a agravar uma situação já insustentável.

O dia 26 de janeiro foi a data escolhida para a MANIFESTAÇÃO NACIONAL DOS PROFESSORES E EDUCADORES, em Lisboa. É necessário que ela se torne sinal inequívoco da vontade da classe docente se opor a que motivações ideológicas da direita que nos (des)governa conduzam à descaracterização ou mesmo destruição dos serviços públicos, pilares da democracia, entre os quais a educação tem evidentemente lugar de destaque. De facto, o governo anunciou fevereiro como o mês em que divulgará onde fará os tão propalados cortes de 4 mil milhões de euros nos serviços públicos, cortes que o primeiro-ministro pretende que sejam “estruturais”, isto é, para sempre.

A vida social assenta nesta natural dialética: a luta de cada um dos setores prepara e dá fermento à mudança global – de orientação política - que se impõe. Ou seja: travar as intenções destruidoras do governo de Passos Coelho, no campo da educação, só é possível com uma mudança política global, que obviamente inclui a mudança de governo. Mas para que esta mudança se verifique, é necessário que, de forma conjugada, os diversos setores sociais e profissionais não deixem cair os braços.

2. A ESTABILIDADE SEGUNDO NUNO CRATO

Se alguma coisa nos pode ainda espantar em Nuno Crato é o seu absoluto desprezo pelas escolas: pelos alunos e professores e, de entre estes, pelos diretores. Ainda há poucos meses se criaram novas Comissões Administrativas Provisórias (vulgo CAP) com a formação de mega-agrupamentos, mas já em janeiro se anuncia a recomposição e o alargamento daqueles: nomeação de novas CAP, novos regulamentos internos, novos conselhos pedagógicos, novas comissões de avaliação, novos “projetos educativos”. Enfim, um bom exemplo de “estabilidade”…

Nuno Crato, de resto, continua fiel a uma das “práticas estruturais” no ministério da Educação: a de eliminar ou ampliar experiências sem qualquer avaliação minimamente séria do que já foi feito. Em que “evidências” se sustenta esta progressiva elefantização dos agrupamentos? Beneficiam com ela os alunos? Torna-se a direção mais fácil e pedagógica? Permite de facto uma maior massa crítica de reflexão social e pedagógica? Nada disto está “demonstrado”, nem sequer cuidadosamente estudado, parecendo os dados apontar precisamente em sentido inverso. Também aqui Nuno Crato se limita a “deixar-se ir na onda”. Mas será isso que se pede a um ministro?