Um mau início de ano letivo
Seria expectável que cada ano letivo começasse com total normalidade. No fim de contas, há uma larguíssima experiência acumulada, os meios eletrónicos facilitam a organização e a burocracia, e entre o final de um ano letivo e o início de um outro decorrem 2 meses. E contudo, este ano, mais do que nos anos anteriores mais próximos, assistimos diariamente a manifestações de descontentamento: nas escolas ainda faltam muitos professores e educadores, há turmas gigantescas, falta pessoal não docente, à última hora determinam-se mudanças de escola, reina a confusão quanto às atividades de enriquecimento curricular (AEC).
É absolutamente inadmissível que só em 12 de setembro tenham sido colocados os primeiros docentes contratados, implicando por sua vez o atraso nas colocações “por oferta de escola” – essa figura que o bom senso mandaria terminar, tamanho é o rol de ilegalidades e compadrios que vem possibilitando - e que, de resto, como a experiência prova, tem trazido às escolas “TEIP” e às do “contrato de autonomia” muito mais desvantagens que vantagens…
A cega subserviência aos ditames da troika, além de provocar o desemprego de muitos milhares de docentes, traduz-se também no corte do pessoal não docente, sem o qual crescem os perigos de insegurança e indisciplina no espaço escolar.
Começou mal este ano letivo. Se não arrepiarmos caminho pondo termo a esta insana austeridade com que estão destruindo o país, se continuarmos com governos que pensam a escola como um “gasto” não como um salutar investimento, cada ano começará pior que o anterior. A escola – toda ela, e particularmente a escola pública, menina dos nossos olhos que sonharam abril – não pode ser submetida a estes tratos de polé. Temos a responsabilidade cívica de a defender.