Descongelamento a conta-gotas
Neste artigo do DN aborda-se o carácter pressuroso e pachorrento com que o Estado encara esta coisa de pagar aos trabalhadores aquilo que lhes anda a roubar há 9 anos 4 meses e 3 dias, para dar aos ricos, ou melhor, para enterrar o que os ricos mataram com bem-sucedida leveza, se tivermos em conta os que realmente estão na prisão: empresas sistémicas, gigantes, identitárias (PT, BES).
Portanto, há que fazer render a teta de sempre, isto é, o rendimento dos trabalhadores, o subsídio habitual de uma economia baseada em baixo salários, minada no tutano pelo envelhecimento e a emigração, enfeitada de esperança e corropio por um turismo que faz bem ao PIB, mas empurra cada vez mais as exangues classes médias-baixas para as periferias das casas de renda suportável. Isto em Lisboa, claro, talvez no Porto, não sei.
Uma espécie de neo-colonialismo hedonista e apátrida invade a senescente Lusitânia encalhada no mar interior da sua podridão, apossando-se dos pequenos e grandes cantos dum país mirrado que já foi de Timor a Trás-os-Montes e agora é de todos o que o queiram comprar.
No meio desta festa, de precariedade e baixos salários para muitos trabalhadores, resta esperar, sempre esperar, num tempo em que já há algum tempo não se avista um D. Sebastião a prometer amanhãs que cantam. Ou será que já anda por aí, na forma e substância dum tal que até sabe de finanças e não está para ler romances a aturar artes afins?
João Correia