Artigo:“Avaliação internacional mantém SNS à frente do inglês e espanhol”

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“Avaliação internacional mantém SNS à frente do inglês e espanhol”

Ontem, no Público, dava-se notícia deste resultado que alguns poderão achar surpreendente, imediatamente criticado pelo Bastonário dos Médicos, segundo o qual este resultado “não traduz a situação atual dos serviços”.

Este ranking internacional, que compara 35 países europeus, equaciona as seguintes variáveis: direitos e informação dos doentes, acessibilidade, resultados, diversidade e abrangência dos serviços prestados, prevenção e produtos farmacêuticos.

Registe-se que o SNS está no 14.º lugar, com 747 pontos, o sistema de saúde inglês em 15.º lugar, espanhol em 18.º e o italiano no 20.º. Já a Grécia está na 32.ª posição.

ranking é liderado pela Holanda com 924 pontos,  seguindo-se a Suíça, com 898 pontos, e a Dinamarca, em terceiro lugar, com 864 pontos.

Positivo:

“Portugal consegue nota positiva no envolvimento das organizações de doentes nas decisões, no acesso à terapia oncológica, na mortalidade infantil, na percentagem de doentes diabéticos controlados, nos transplantes renais e na redução da mortalidade antes dos 65 anos. Está em primeiro no número de operações às cataratas em cada 100 mil pessoas com mais de 65 anos.”

Negativo:

“Mas recebe nota menos positiva no acesso ao médico de família no próprio dia e cartão vermelho quando se fala de acesso directo a um especialista. Esta última resulta da organização do sistema por comparação ao de outros países, já que em Portugal é preciso referenciação por parte do médico de família para uma consulta da especialidade. A vermelho está também a percentagem de infecções hospitalares, o tempo de espera para uma tomografia computorizada (TAC) e a taxa de cesarianas.”

Apesar de todos os prolemas orçamentais resultantes da crise de 2007, que impediram a convergência dos vários sistemas do Estado Previdência (que tanto irrita uma certa direita primária) com os melhores padrões europeus, não deixa de ser, ainda assim, louvável, a sua resiliência e tenacidade em honrar os compromissos assumidos aquando da sua fundação, contra todas as tentativas de os denegrir, desmantelar, privatizar. Em paralelo com estes resultados, recorde-se as melhorias significativas ao nível do PISA mesmo em contexto de cortes orçamentais brutais e sucessivos no orçamento da Educação.

Apesar das várias fatias já vendidas a educação e na saúde, o grosso destes sistemas continua a ser público, e os seus indubitáveis progressos e resistência aos delírios financeiros do capitalismo selvagem, são acima de tudo resultado do empenho dos seus trabalhadores no exercício dos seus deveres profissionais, mas também no exercício dos seus direitos de cidadania, através das incontáveis lutas (manifestações, greves, petições) em prol de melhores condições de trabalho, determinantes na melhoria da qualidade dos serviços prestados. Tudo isto, repita-se, no contexto da pior crise financeira mundial desde 1929.

Apesar de tudo, estes resultados apontam para que vale a pena continuar a lutar!

João Correia