Artigo:Professores e escolas públicas obrigados a servir interesses privados

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Tudo começou com um apelo ao voluntariado, mas logo a atividade se tornou obrigatória: ao serviço da empresa privada Cambridge School, o MEC colocou hoje milhares de professores a vigiarem a realização de um exame que, disfarçado de teste diagnóstico do 9.º ano, tudo indicia trata-se de uma estratégia pensada com o intuito de angariar alunos para a empresa Cambridge School.

 Apesar das diversas denúncias que foram efetuadas pela FENPROF e das perguntas colocadas diretamente ao ministro Nuno Crato, o silêncio tem imperado no ministério que é por si dirigido. Por essa razão, persistem diversas dúvidas, tais como: afinal, que contrapartidas tem o MEC ao colocar esta prova ao serviço da já referida empresa privada? Que legitimidade tem este ministério para colocar as instalações das escolas públicas e os seus recursos humanos a desenvolverem uma ação que se destina a servir os interesses de tal empresa? Com que direito os professores das escolas públicas foram obrigados a distribuir propaganda da empresa em causa e que dever os obriga a serem corretores das provas? Como é possível, milhares de alunos ficarem hoje sem aulas devido à realização desta prova?

 Por fim, coloca-se a principal dúvida: que negócio estará por detrás de tudo isto?

 A FENPROF recorda que já denunciou publicamente esta situação, já questionou o MEC, já se dirigiu à Assembleia da República e já pediu à Autoridade da Concorrência que verificasse se foram observados os preceitos legais referentes à sua área de intervenção. Face ao silêncio do MEC e à necessidade de clarificar a situação – afinal trata-se de utilizar recursos públicos para aparente benefício de entidades privadas – a FENPROF admite agora um eventual recurso à Procuradoria-Geral da República, com o objetivo de se tornarem percetíveis os contornos de uma situação que, para já, aparentemente, é escandalosa.

 

 

O Secretariado Nacional