Artigo:NÃO ME LEMBRO DE VER OS PROFESSORES TÃO TRISTES

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Fiz questão e estar à porta da EB2,3 Manuel da Maia, em Lisboa, uma meia hora antes da “chamada” para a prova da PACC. Havia a normal movimentação dos órgãos dos “media” – e eram muitos. Os professores dividiam-se em dois grupos. O dos que ia fazer a prova e o dos dirigentes sindicais e professores que a punham em causa. Distribuíam-se alguns comunicados sindicais denunciando a natureza humilhante da prova a que alguns colegas iam ser sujeitos.

Alegria, não havia. Mas no momento da “chamada” (só os que iam fazer a prova podiam entrar na escola) foi evidente a profunda tristeza nos rostos fechados dos cerca de 40 docentes  que iam ser examinados. Uma tristeza que não calava a revolta por terem de se submeter a uma humilhação para ganhar o direito a sonhar com uma colocação numa qualquer escola nos próximos concursos, como que a dizerem-lhes que de pouco valia o facto de terem adquirido uma formação específica para serem professores. Formação adquirida numa escola superior cuja qualidade é suposto o Ministério garantir. Estavam a atirar-lhes à cara que essas avaliações de bom, muito bom ou excelente com que as escolas os tinham avaliado não tinham valor nenhum.

Tristeza também no rosto dos dirigentes sindicais presentes: por um lado a necessidade ética de denunciar o carater humilhante da prova imposta, por outro a óbvia consciência de que os docentes que a iam fazer não tinham outra possibilidade. E a consciência de que não rera possível impedir a realização da prova.

E que Crato e quejandos rejubilem com a PACC significa tão só a sua total desumanidade. As pessoas – os professores – para eles não contam. Os donos do MEC parecem viver da humilhação que impõem aos outros.

António Avelãs