Artigo:FENPROF: Sobre as notas dos exames no 12º Ano

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IAVE desmentiu o que foi afirmado pela FENPROF, mas os factos desmentem o que foi afirmado pelo presidente do IAVE

Em comunicado que ontem (14/07/2015) a FENPROF emitiu, a propósito dos exames, foram referidas, sendo noticiado pela comunicação social, as “alterações aos critérios de correção que chegaram aos professores corretores, já no período em que desenvolviam a tarefa".

O Senhor Presidente do IAVE não gostou, como, aliás, não gosta de qualquer crítica ao que faz, porque, provavelmente, entende que o que faz não é alvo de crítica, e veio desmentir.

Pois então aqui vão alguns factos e que se referem a exames dos mais diversos anos de escolaridade:

- Prova de Matemática do 6.º ano: 21 de maio – realização da prova; 26 de maio – envio aos professores dos critérios de correção, com os quais tiveram que começar a trabalhar; 1 de junho – envio aos professores dos critérios definitivos; 9 de junho – envio aos professores de novos critérios para correção da pergunta 4.

- Exame de Filosofia- código 714/11ºano/1ª fase: 15 de junho – realização do exame e divulgação aos professores dos primeiros critérios para correção das provas; 17 de junho - entrega das provas aos corretores. A grelha de classificação (obrigatória para registo de classificações das questões) em formato Excel só foi colocada no sitio do IAVE a 18 de junho ao fim do dia. 20 de junho – envio de novos critérios de correção que alteram o Grupo II item 1.A e Grupo V, percurso B, ditos definitivos. No entanto, na mensagem recebida com estes novos critérios, ditos definitivos, é reforçada com a informação de que até dia 25 podiam ser tiradas dúvidas e serem enviados novos critérios. A entrega das provas seria no dia 26.

- Exame de Biologia do 11.º ano: 22 de junho – realização do exame e distribuição aos professores dos critérios de correção; 30 de junho, cerca da meia-noite – envio aos professores dos critérios definitivos.

- Exame de Física do 11.º ano: 17 de junho – realização do exame e distribuição de critérios; 26 de junho (9 dias depois) – envio aos professores dos critérios definitivos. A prova teve de ser entregue a 2 de julho.

- Exame de Matemática do 12.º ano: 23 de junho – realização do exame e divulgação aos professores dos critérios para correção das provas; 2 de julho – envio dos critérios definitivos.

- Prova de Matemática do 9.º ano: 19 de junho - realização da prova; 22 de junho - entrega aos professores correctores das provas e dos critérios de correcção, com os quais tiveram que começar a trabalhar; 29/30 de Junho – envio aos professores dos critérios definitivos.

15/07/2015


Os resultados dos exames não podem ser tratados de forma ligeira

Mais do que analisar este ou aquele resultado, esta ou aquela variação, desta ou daquela disciplina, importante é refletir sobre as causas, as práticas e os efeitos da avaliação dos alunos do ensino básico e secundário.

As notas dos exames de Matemática do Secundário subiram quase três valores. Há muito que não se via tal, pois a última vez em que acontecera com tamanha relevância (subida de 3,4 valores) foi em 2008. Então, PSD e CDS insinuaram que o nível das provas tinha baixado, daí a melhoria dos resultados, sendo também nesse sentido a opinião da Sociedade Portuguesa de Matemática. Por não termos a memória curta, há que verificar se o mesmo aconteceu este ano e qual a razão/intenção se assim tiver sido!

A FENPROF considera positivo que as médias dos alunos no exame de Matemática tenham melhorado. Porém, tem como muito preocupante o facto de, ao contrário, se ter registado uma descida acentuada, para valores negativos, na média da disciplina de Biologia e Geologia 

Considerando que as alterações aos critérios de correção que chegaram aos professores corretores, já no período em que desenvolviam a tarefa, terá ocorrido em todas as disciplinas, alterações que, como foi notório, se destinavam a melhorar os resultados dos alunos, não deixa, contudo, de ser estranho que o ministro Nuno Crato manifeste preocupação pelos resultados positivos na disciplina de matemática e não lhe ocorra questionar o que se passou, por exemplo, num mesmo contexto, com o exame de Biologia e Geologia em que as médias baixaram para negativa. 

As suspeitas levantadas pelo MEC a propósito dos desvios das classificações de frequência e externa (exames nacionais) carecem de uma avaliação que não pode cair na ligeireza das análises a que têm sido sujeitos. 

As classificações internas de frequência são muito mais reveladoras das políticas locais de gestão do sistema educativo, decididas pelas escolas e pelos seus conselhos de turma, de departamento e pedagógico, que, apesar de não vincularem a direção da escola/agrupamento, relativamente às análises de necessidades de medidas que melhorem a qualidade das aprendizagens, são uma orientação, de facto, para o que deve ser feito em matéria de organização das aprendizagens e de avaliação.

Aspetos como comportamentos, gestão do trabalho em equipa, capacidade de intervir sobre o meio em que a escola se integra e resolução de problemas, trabalho cooperativo, atitudes e cidadania, não são avaliadas pelos exames e, por esse motivo, dão maior fiabilidade à avaliação interna decidida pelas escolas.

A FENPROF considera que a avaliação dos alunos é um dos processos que decorrem do conteúdo funcional dos professores que, pela sua exigência e impacto no futuro escolar dos alunos, deveria merecer uma maior atenção. Deve passar por uma reflexão ampla, envolvendo os vários agentes educativos, incluindo do ensino superior. Depositar nos exames o centro da atenção, de tudo o que é o percurso escolar de um aluno ao longo de vários anos de escolaridade, subverte a função da escola e condiciona as aprendizagens dos alunos. 

Como é do conhecimento público, a FENPROF considera que transformar as escolas, no terceiro período letivo, em “centros de estágio de alto rendimento” é prejudicial para os alunos, para as suas aprendizagens, interfere na estratégia de trabalho dos docentes e distorce a imagem da escola. Essa é uma questão de fundo que urge resolver e que se espera poder ter avanços, a partir do próximo ano, com a mudança de governo e de políticas para a Educação. 

O Secretariado Nacional da FENPROF
14/07/2015