Ao longo deste fim de semana várias vozes autorizadas sustentaram que o texto do Orçamento de Estado 2016 para Portugal resultante das negociações com Bruxelas é pior para o país que o inicialmente proposto pelo governo de António Costa. Sobretudo, alegam, porque se torna de tendência recessiva, sobretudo devido ao aumento de impostos sobre os combustíveis. Em consequência, a previsão de aumento do PIB desceu de 2,1 para 1,8%. Além de exigir um aumento de impostos maior que o inicialmente previsto.

Como aceitar que as exigências de uma organização – a União Europeia – que supostamente deveria possibilitar um mais rápido desenvolvimento dos países economicamente mais débeis – conduza, de facto, com as suas exigências, a maiores dificuldades para as economias desses países? Constatações como estas explicam o avanço por boa parte da Europa dos nacionalismos (por vezes apresentados como “defesa da soberania”) e dos partidos eurocéticos. Os nacionalismos são, historicamente, de direita, conservadores, muitas vezes xenófobos e racistas. As nefastas consequências dos nacionalismos extremados para a Europa estão ainda bem presentes na nossa memória.

Teremos ainda tempo e força para retomar o projeto de uma Europa solidária e unida? Se não mudarmos de rumo, a desagregação do projeto europeu parece, a curto ou médio prazo, como inevitável. As consequências não serão boas.

António Avelãs