Artigo:ESCOLA INFORMAÇÃO DIGITAL Nº8 . nov./dez. 2015

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Educação e ciência: um outro caminho
O fio de Ariadne

O despacho que anulou a realização da PACC em 18 de dezembro é mais do que o epitáfio da política educativa da direita que nos (des)governou nos últimos quatro anos e meio. Representa o labirinto em que se transformou o processo educativo sob a batuta de Nuno Crato. O Minotauro, a escola a duas velocidades com os dinheiros públicos a subsidiarem o ensino privado e o ensino público a “escorregar” para a “guetização”, ainda habita nas suas profundezas. E o novo Governo, ainda que com apoio da esquerda parlamentar, está longe de se ter constituído como o Teseu que o eliminará.
Mas começa a haver alguns sinais positivos. O fim dos exames do 4º ano, que irá permitir centrar de novo a ênfase no trabalho escolar de preparação para a vida, na riqueza da sua diversidade, em vez do treino e mecanização para uma prova espúria que apenas visa a seleção precoce, pode indicar que o novelo de Ariadne se começa a desenrolar. A reposição de salários, contribuindo para inverter a degradação das condições de exercício da profissão docente, é outro sinal positivo. Mas o novelo ainda está praticamente todo enrolado e o Minotauro muito fora do raio de ação de Teseu.
O desbloqueamento das carreiras, a melhoria das condições de trabalho dos docentes e investigadores (incluindo o desmantelamento das imposições que acentuam a precariedade e o desemprego), a revisão do novo estatuto do ensino privado, a suspensão imediata da municipalização e o reforço curricular são elementos essenciais para ir desenrolando o fio no caminho certo. A negociação de um regime especial de aposentação, respeitador do desgaste provocado pelo exercício da profissão docente, e de um regime justo de concursos para professores vai no mesmo sentido.
O caminho é longo e tortuoso. A Escola Pública de Qualidade para Todos está muito debilitada, a investigação muito condicionada e o Ensino Particular e Cooperativo com uma trajetória muito perigosa no que respeita às de condições de trabalho dos docentes. Espera-nos muita luta, assente em propostas fundamentadas e grande espírito negocial, para invertermos este estado de coisas.

A esperança é sempre alimentada por ações consequentes e pelos resultados obtidos. Estes dependem muito de todos nós!

José Alberto Marques
Diretor Escola Informação