Artigo:Escola Informação Digital nº16 . novembro/dezembro 2017

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A luta dos professores por uma carreira digna

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José Alberto Marques . Diretor Escola Informação


A direita dos interesses, que povoa os partidos do “centrão” ou gravita em torno deles, nunca teve qualquer problema com a falta de lógica argumentativa, pobreza de argumentos ou aparentes contradições nas diferentes posições que vai assumindo.
Veja-se a “agitação” que grassa entre a tralha do “passismo”, agora já sem Passos Coelho e à espera de um novo lider, no apoio às posições “sindicais” contra as políticas do atual governo, de uma FNE que se “esqueceu” de dizer presente a qualquer contestação ou forma de luta durante o negro período da Troika. Até a atual líder do CDS/PP (que conjuntamente com outros proeminentes ministros e secretários de estado do anterior governo funcionou como um autêntico rolo compressor dos direitos sociais dos trabalhadores portugueses) dá agora “uma perninha” em prol da luta dos professores.
Isto significa que a FENPROF e os seus Sindicatos, quando desenham e executam os processos de luta em prol da dignidade da profissão docente, devem alienar as possibilidades de entendimento com a FNE e os outros sindicatos que só aparecem quando o PSD ou o PSD/CDS não estão no governo? A resposta é simples. Não! E não porque quando a FENPROF e os seus Sindicatos, com o SPGL como grande âncora, avançam para formas de luta e protesto, tal é consequência do bloqueamento ou ausência de negociação com o ME e o Governo! O alargamento do espetro sindical pode ajudar no processo de obrigar a contraparte a sentar-se, de novo, à mesa das negociações. E isso serve os interesses dos docentes.
No plano estritamente político, porém, é preciso separar as águas. A agenda da FNE e da maior parte dos sindicatos que não pertencem à FENPROF está umbilicalmente ligada aos interesses da direita. Levantam a voz quando o PSD ou PSD/CDS não estão no Governo, emudecem quando estes partidos estão no poder.
Para além disso, mas com enorme influência na opinião pública, estão os comentadores que através dos jornais (em papel ou digitais), rádios e televisões (incluindo, a maior parte das vezes, os que são financiados por todos os portugueses consumidores de eletricidade) fazem todos os dias números de circo para propalarem uma coisa (um certo apoio à contestação ao governo) e o seu contrário (a FENPROF manda no ME e põe em causa o equilíbrio orçamental). Apesar de, quem havia de dizer, as reivindicações dos docentes terem “alguma” justificação… Tudo isto ao mesmo tempo que, salvo raríssimas exceções, revelam uma ignorância monstruosa sobre o que está em cima da mesa!
A profissão docente é uma profissão de elevado desgaste, que é desenvolvida, na maior parte das vezes, em condições de trabalho muito injustas, apesar de o trabalho dos docentes ser vital para o progresso de qualquer sociedade, e dos seus cidadãos, influenciando decisivamente os processos de igualdade de oportunidades e de aprofundamento da democracia.
O Estatuto da Carreira Docente é o instrumento essencial para dignificar a profissão. É nossa tarefa prioritária, e inadiável, garantir a sua aplicação em todos os domínios! É isso que a FENPROF e os seus Sindicatos fazem todos os dias e não apenas quando a direita está no poder!