Artigo:Das turmas homogéneas até à aranha que ficou surda

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Das turmas homogéneas até à aranha que ficou surda

Não sei bem porquê, mas ao ler esta notícia, lembrei-me da história do investigador que fez uma experiência com uma aranha.

1. Um investigador fez várias experiências com aranhas.

Colocava uma aranha na mesa de trabalho e dizia, bem alto: - Ande aranha! E a aranha andava. Cortou-lhe uma perna e repetiu: - Ande aranha! E a aranha andava. Cortou outra perna, repetiu a ordem e a aranha, com mais dificuldade, mas andava.

E o processo foi-se repetindo até que a aranha ficou sem nenhuma perna. Nessa altura, o investigador voltou a dar a ordem: - Ande aranha! E a aranha não andava. Repetiu a ordem, e a aranha, nada de andar.

E, da experiência, concluiu que as aranhas sem pernas ficam surdas!

2. Os resultados escolares dos alunos de duas escolas da Região Autónoma da Madeira envolvidas num projeto com turmas homogéneas/ turmas de nível foram muito positivos. Os alunos das turmas que tinham piores resultados tiveram muito menos reprovações. Os alunos das turmas que já tinham bons resultados melhoraram as suas classificações.

Conclusão: Tiveram melhores resultados porque eram turmas homogéneas, pois “o modelo regular, aplicado na maioria das escolas, revela-se penalizador para os alunos que têm ritmos de aprendizagem diferentes”. Portanto, para haver mais sucesso, vamos generalizar as turmas homogéneas.

Não! Não se pode tirar essa conclusão! E é muito perigoso fazê-lo. Tem que se ter em conta todas as variáveis.

Tiveram melhores resultados e “as retenções caíram a pique” porque as turmas tinham um máximo de 15 alunos, “as turmas de recuperação tiveram sempre mais meios e mais acompanhamento do que as restantes”, receberam mais apoio pedagógico, tiveram pares pedagógicos (dois professores por sala) em disciplinas consideradas nucleares, como Português, Matemática e Língua Estrangeira.

Pois é, o que favorece o sucesso é a existência de pares pedagógicos, dois professores simultaneamente na sala, nas disciplinas em que há mais dificuldades, menos alunos por turma porque possibilita mais atenção individual e mais apoio pedagógico aos alunos com mais dificuldades.

Conclusão: Para haver mais sucesso não é com turmas de nível/grupos homogéneos mas universalizando medidas destas.

M. Micaelo